As surpresas de Deus
Diversas vezes ficamos admirados com o modo como Deus dirige
os nossos passos. Em determinado momento achamos que sabemos exatamente o que
Ele está fazendo; contudo, no instante seguinte, Ele modifica Sua maneira de
agir, surpreendendo-nos. Às vezes o Senhor introduz o que não é comum, o que
não é muito usual em nossas vidas. Então sentimos medo, confusão e frustração.
Porém, aqueles que permitem que Deus seja soberano e procuram aceitar Suas
surpresas certamente são sábios.
Há uma resposta parcial para esta atitude divina em Romanos
11.33. O apóstolo Paulo está justamente falando sobre a atuação do Senhor na
vida das pessoas. Então, no final de sua explanação, ele explode em louvor: “Ó
profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão
insondáveis são os Seus juízos e quão inescrutáveis os Seus caminhos!”. No
tocante às obras de Deus, nós, humanos, não podemos compreender o raciocínio
divino. Nunca poderemos desvendar inteiramente Seu plano para nossas vidas.
Eles são insondáveis, inescrutáveis. O Senhor Deus é infinito, surpreendente,
absolutamente único e singular em Seus desígnios.
Há na Bíblia uma família que viveu uma aventura que jamais
se repetiu na história humana, fruto das surpresas que Deus planeja e realiza.
Eles são Noé, sua esposa, filhos e noras.
No tempo de Noé, a sociedade era semelhante à atual. Era um
mundo acostumado com o pecado, violento, cruel, depravado e cínico, com o
coração endurecido em relação ao espiritual (Gênesis 6.5-6). Dias difíceis!
Violência incontrolável e contaminação moral. Porém, houve uma exceção. E é
justamente nela que o relato ganha fascínio e empolgação. Uma família conseguiu
fazer diferença na história: “Porém Noé achou graça diante do Senhor” (Gênesis
6.8). Esta é uma prova de que o ambiente não determina o caráter das pessoas. A
vida de Noé e sua família eram como um riacho cristalino e puro correndo ao
lado do esgoto: “Eis a história de Noé: Noé era homem justo e íntegro entre os
seus contemporâneos; Noé andava com Deus” (Gênesis 6.9). Deus derramou Sua
graça sobre Noé e sua família. Noé, por sua vez, estava pronto e disposto a ser
utilizado com Seu instrumento (Gênesis 6.7,13,17). Foi uma experiência inédita
e radical na Terra. Noé deve ter ficado de “queixo caído” quando soube o que o
Senhor planeja realizar. No entanto, Deus derramou Sua graça sobre aquele povo
mau e corrupto quando concedeu dez décadas para que a família de Noé os
alertasse sobre o juízo divino que certamente viria sobre eles (Gênesis 5.32 e
6.6). Mas, infelizmente, eles não se arrependeram.
Na segunda carta de Pedro (2.5), o apóstolo define Noé como
um pregador da justiça. A palavra grega é a mesma usada para arauto. Durante os
cem anos que Noé e sua família construíram a arca, seguindo fielmente as
orientações que o Senhor havia dado (Gênesis 6.14-15), simultaneamente
anunciavam a uma geração perversa que Deus não os pouparia do juízo eterno.
A arca era maior que um campo de futebol, com capacidade
para carregar 522 carros de passeio. Imagine o impacto causado por um monstro
arquitetônico sendo construído no quintal do vizinho. Além disso, tornava-se
mais difícil dar crédito à ameaça a medida que ela era pouco plausível: eles
viviam a mais ou menos setecentos quilômetros longe do mar e, até então, nunca
tinham presenciado uma chuva torrencial.
Convenhamos, parecia ser algo totalmente insano construir
uma gigantesca arca no quintal de casa, profetizando que a Terra seria coberta
pelas águas. Que águas? Afinal, até ali, Deus regava o solo com uma chuva
moderada. O maior enfoque e o melhor exemplo da vida de Noé foram sua
obediência e fé: “Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara”
(Gênesis 6.22). Noé realmente andou com Deus.
Então, as surpresas começaram a acontecer: “Disse o Senhor a
Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo,
diante de mim, no meio desta geração” (Gênesis 7.1). Finalmente, o zoológico
flutuante estava com sua lotação completa. Depois que todos entraram, o próprio
Deus fechou a porta da arca. Pode ser que o povo daquele lugar estivesse
morrendo de rir, pensando: “Que espécie de loucos são essas pessoas?”. Mas, de
repente, grossas gotas de água começaram a cair sobre seus rostos. Pela
primeira vez, eles ficaram em dúvida: “Será que tudo o que ele disse é
verdade?”. A chuva aumentou, e ficou impossível sair de casa. A dúvida deu
lugar ao medo; e o medo ao pavor e ao desespero. Era tarde demais!
Este é o testemunho de Jó sobre um julgamento incrível e um
resgate sobrenatural: “Ele apanha os sábios na sua própria astúcia; e o
conselho dos que tramam se precipita. Eles de dia encontram as trevas; ao
meio-dia andam como de noite, às apalpadelas. Porém Deus salva o necessitado da
mão do poderoso” (Jó 5.13-15).
Como o Senhor prometera, toda criatura que não estava na
arca morreu. Um ano depois as águas baixaram, a terra secou e Deus orientou Noé
para que ele e sua família saíssem da arca (Gênesis 8.16-18). Quando Noé e sua
família saíram, sua primeira preocupação foi erguer um altar, e essas oito
pessoas – sozinhas em um vasto mundo – declararam sua fé e confiança em um Deus
imutável. Sua oferta de gratidão e louvor chegou até o céu como aroma suave, e
Ele fez uma promessa: “E o Senhor aspirou o suave cheiro, e disse consigo mesmo:
Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio
íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como
fiz. Enquanto durar a terra não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e
calor, verão e inverno, dia e noite” (Gênesis 8.21-22). E para assegurar que
Sua promessa se realizaria, Deus providenciou algo para lembrá-los disso: o
arco-íris (Gênesis 9.13).
Toda família, ao passar por fases complicadas, precisa da
verdade bíblica, ter convicção da soberania de Deus, do Seu poder, do Seu amor,
de Sua perseverança em relação aos Seus filhos e de Sua graça.
Como aplicar a história milenar de Noé às pessoas do século
21?
1.TENHA EM MENTE QUE DEUS É UM DEUS DE SURPRESAS
Cabe a nós termos disposição de quebrar os moldes do
previsível para conseguir o inacreditável.
2.PARA ANDAR COM O DEUS DE SURPRESAS, PERMITA QUE ELE
EXERCITE SUA FÉ
Deus quer nos usar como sal e luz. Ele se agrada daqueles
que refletem Sua graça e amor.
3.LUTE CONTRA A ACOMODAÇÃO DA SEGURANÇA E DO PRAZER EM PROL
DA DISPONIBILIDADE
Seja moderado e ponderado em relação à segurança, prazer,
lazer e até aposentadoria. Não sepulte antecipadamente desafios futuros.
4.ESCUTEM SEUS FILHOS QUANDO ELES DESEJAREM FAZER ALGO
DIFERENTE COM VOCÊS
Às vezes, Deus fala aos pais por meio dos filhos. Não tenha
medo de realizar com eles alguma coisa que saia da rotina, que envolva riscos.
Não perca a oportunidade de participar de algo maravilhoso que o Senhor quer
fazer à vida deles por meio de vocês, seus pais.
A história de Noé nos ensina que a vida não teria sentido se
Deus não existisse. Como é sua vida? Cheia de surpresas ou você só age dentro
dos limites de segurança? As pessoas olham para você indagando qual será o seu
próximo passo? Será que Deus quer realizar algo diferente, extraordinário em
sua família, até para que ela se torne um exemplo positivo para muitos? Você
estaria pronto a correr o risco de ser ridicularizado, discriminado por assumir
a concretização de uma das surpresas divinas? Será que você tem medo de
permitir que Deus faça algo aparentemente impossível entre e por meio de você?
Nos séculos que se sucederam, outro evento despertaria o
mesmo impacto, conflito e reação. A salvação não viria por uma arca, mas de uma
cruz. Ela foi erguida por uma só pessoa: o Filho Unigênito de Deus. Nosso
Salvador pagou a penalidade dos nossos pecados para que fôssemos poupados do
juízo do Senhor. Jesus Cristo foi a maior e melhor surpresa de Deus para
reconciliar o homem caído com seu Pai eterno!
Autor: Jaime Kemp
(As surpresas de Deus, Revista Lar Cristão, nº. 103, ano 2008,
pág. 18-20)
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Deus os abençoe. Abraço.
Jônatas de Lara Sarubo
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