Acumule tesouros nos céus

“Se as suas riquezas aumentam, não ponham nelas o coração” (Salmo 62.10)

Havia um jovem que adquiriu bastante conhecimento das Sagradas Escrituras (Torá) durante toda a sua vida e, ao pé da letra, obedecia aos mandamentos do Senhor.

Ele conseguiu prosperar em sua vida e em sua carreira, tornando-se dono de muitas propriedades (Mateus 19.22). Mas isso não saciava seu coração e deixava-o inquieto quanto à sua salvação.

Diante dessa dúvida, resolveu ir ao encontro de Jesus e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: "Bom Mestre, o que posso fazer para herdar a vida eterna?"

Então Jesus lhe respondeu: "Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos: ‘Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe’ e ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ ”.
Replicou-lhe o jovem: “A tudo isso tenho obedecido desde a adolescência. O que me falta ainda?”

Jesus disse ao rapaz que lhe faltava ainda uma coisa: disponha de seus bens, vendendo-os e dando o dinheiro em prol das pessoas necessitadas (uma vez que possuía muitas propriedades) e "terá um tesouro nos céus".  Em seguida, pediu a ele que o seguisse em Sua jornada na proclamação das Boas Novas. (Marcos 10.22)

Porém, o rapaz tinha um coração egoísta e avarento; não abdicou do que lhe pertencia e retirou-se triste do local. (Marcos 10.23)

Após isso, Jesus ilustra o quão raro é aos ricos entrar nos céus, de maneira que "é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. (Marcos 10.25)

(Isso ocorre porque, em geral, a satisfação e a confiança do rico está saciada e depositada em seu próprio sustento, não havendo qualquer preocupação com a vida eterna vindoura.)

Diante dessa ilustração, os discípulos ficaram perplexos e se questionavam: "Então, quem pode ser salvo?" (Marcos 10.26)

Jesus olhou para eles e lhes deu a melhor resposta possível: “O que é impossível para os homens é possível para Deus”. (Lucas 18.27)

Porém, Pedro sentiu-se indignado e "injustiçado" em relação aos que seriam salvos e que possuíam riquezas, uma vez que ele e os demais discípulos renunciaram tudo o que tinham em prol do Evangelho. (Lucas 18.28)

Jesus os acalmou dizendo que: "Ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pai ou filhos por causa do Reino de Deus deixará de receber, na presente era, muitas vezes mais e, na era futura, a vida eterna”. (Lucas 18.29-30)

“Contudo, muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros." (Mateus 19.30)

Antes mesmo daquele jovem rico abordá-lo, Jesus já lhe conhecia o coração, de maneira que conduziu a conversa para que o próprio jovem refletisse acerca das reais motivações de seu coração.

Infelizmente, esse jovem estava tão apegado aos seus bens materiais que não conseguia se desvincular deles. Eles lhe proporcionavam tanto conforto que sua fé e esperança dependiam deles para que sobrevivesse.

Há três pontos que devem ser levados em consideração de como devemos visualizar o dinheiro e os bens e utilizá-los racionalmente.

1. NÃO DEVEMOS NOS APEGAR ÀS COISAS, NEM VIVER EM FUNÇÃO DO DINHEIRO

O problema do jovem rico estava em sua ganância e avareza.

A ganância nada mais é do que a cobiça, a ambição, o desejo exagerado em obter/reter/acumular dinheiro, bem material ou algo a qualquer custo. Já a avareza é o apego excessivo ao dinheiro ou bem material retido/acumulado, de maneira que tem medo de perder algo que possui. Há versões bíblicas que consideram ambos os termos como sinônimos. Dessa maneira, o deus do ganancioso/avarento é "Mamon", termo grego para dinheiro/riquezas.

Paulo nos ensina que, no Reino dos Céus, não tem espaço para os gananciosos/avarentos.

"Porque vocês podem estar certos disto: nenhum imoral, ou impuro, ou ganancioso/avarento, que é idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus." (Efésios 5.5)

Temos que nos preocupar em como obter renda aqui? Sim! Mas o foco não deve ser o dinheiro, nem as riquezas em si.

Ensina Spurgeon que "o trabalho não é uma maldição. Estou certo que Adão e Eva trabalhavam no jardim antes da queda. Não imagino o céu como um lugar de inatividade. O que está relacionado à queda é o trabalho ansioso". (SPURGEON, C. H., The Peculiar Sleep of the Beloved.)

Diz ainda Spurgeon que “o trabalho é vão quando nos envolvemos nele sozinhos, achando que tudo virá dele. É assim que pensa e age o “workaholic”. O “workaholic” abre mão da bênção, trocando-a por seu trabalho. Quando se trabalha dia e noite, deixa-se de se prestar a atenção a questões importantes, como estudar e meditar nas Escrituras.” (SPURGEON, C.H., op. cit.)

Jesus Cristo disse que não podemos viver com os pés em duas canoas.

“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro." (Mateus 6.24)

Não tem problema ganhar dinheiro, pois é o fruto do trabalho que enobrece o homem. Sem ele, é difícil sustentar o lar. Porém, não viva em função do dinheiro, nem coloque nele a sua esperança e seu coração.

“Se as suas riquezas aumentam, não ponham nelas o coração” (Salmo 62.10)

2. DEVEMOS NOS ATENTAR AO DESTINO QUE DAMOS À NOSSA RENDA

Os cristãos do primeiro século preocupavam-se com a disseminação da Palavra de Deus. E, para isso, eles dispunham de seus bens para o crescimento do Reino de Deus e o engrandecimento do nome de Jesus, plenamente confiando que o Senhor estava conduzindo suas vidas de acordo com Sua vontade boa, agradável e perfeita.

“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. (...) E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos.” (Atos 2.42-47)

Assim como eles, devemos sempre confiar na providência divina em todas as etapas de nossa vida e não colocarmos nossa esperança na incerteza da riqueza, como diz o apóstolo Paulo.

"Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação. Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida." (1 Timóteo 6.17-19)

“Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá.” (Provérbios 19. 21)

O nosso sustento, dinheiro e economias devem ser direcionadas para servir ao Senhor, devendo ser aplicado corretamente para satisfação das necessidades básicas dos membros de nosso lar, para o bem-estar social de uma instituição sem fins lucrativos, religiosa ou ONG, e para ajudar aos necessitados, órfãos e viúvas (Tiago 1.27).

3.  O SUSTENTO VEM DO SENHOR

Dificuldades financeiras sempre irão nos cercar e tentar nos desestabilizar, mas temos de estar cientes de que o Senhor estará sempre à frente concedendo o sustento diário e suprindo todas as nossas necessidades.

"Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei”.  Podemos, pois, dizer com confiança: “O Senhor é o meu ajudador, não temerei. O que me podem fazer os homens?” " (Hebreus 13.5-6)

“Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeaste; aos Seus amados Ele o dá enquanto dormem” (Salmo 127.2)

Uma vez cientes de que tudo vem do Senhor, devemos consagrar tudo o que temos e somos à Ele, em gratidão e em louvor à Sua graça, bondade, misericórdia e amor para conosco.

“Honra ao SENHOR com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.” (Provérbios 9.2-3)

“Porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36)

Ainda mais importante do que ser rico neste mundo efêmero, é sermos ricos na fé em Jesus Cristo pelo o que Ele é, fez, faz e fará em nós e através de nós até Sua volta gloriosa!

"Ouçam, meus amados irmãos: Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que Ele prometeu aos que O amam?" (Tiago 2.5)

Que o Senhor Jesus seja sempre o maior tesouro de sua vida, pois só Ele é o caminho para a vida eterna!

“Não acumulem para vocês tesouros na terra onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração." (Mateus 6.19-21)

“Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.” (João 14.6)

“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos Seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem. Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos, como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa. Eis como será abençoado o homem que teme ao SENHOR!” (Salmo 128. 1-4)

Autor: Jônatas de Lara Sarubo

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Deus os abençoe. Abraço.

Jônatas de Lara Sarubo